"Quando 'A Dança das Estrelas Boêmias' começou a tomar forma, a ideia inicial era bastante simples. Era a mera faísca de uma obra que contaria a história de um casal boêmio vivendo uma única noite, um encontro perfeito. Isso serviria apropriadamente como um eco e uma homenagem à atmosfera que o filme 'Meet Cute', de 2022, dirigido por Alex Lehmann, conseguiu criar com tanta maestria. A leveza, o charme dos encontros improváveis, a intimidade, era essa a intenção quando ao que deveria ser capturado. Mas devo admitir que não pude resistir à tentação de ir além. Uma força irresistível me puxava para as sombras, para história e livros e filmes onde a realidade se retorce, onde nada é o que parece. Filmes que apresentam ideias controversas, como a de um homem tendo alucinações – e aqui eu pisco o olho para a genialidade de 'A Ilha do Medo' – ou que te jogam em um caos inigualável, apresentando versões distintas de um único acontecimento, forçando todos nós a juntar as peças de um quebra-cabeça complexo. No meu caso, e no caso de muitos, apropriadamente inspirado nos muitos filmes do diretor espanhol Oriol Paulo.
Essas foram as bases que serviram de inspiração mais profunda para esta obra, para criar camadas de mistério e incerteza que se entrelaçam com o romance boêmio, transformando o que seria uma história de amor em algo muito mais denso e enigmático. Eu queria que o leitor sentisse a mesma necessidade de desvendar o que realmente aconteceu, de ir além da superfície, percebendo que por trás do brilho das estrelas, há segredos que podem mudar tudo. Seguindo esta rota, muito simbolismo deveria ser utilizado ao longo da narrativa."
"E o que melhor para usar como simbolismo do que as próprias estrelas cintilantes no meio do céu noturno?"
É essencial reconhecer que toda esta obra veio acompanhada de diversas inspirações e outros conteúdos que adquiri e absorvi ao longo do tempo, de maneira que me pareceu uma boa ideia também listar todas as obras que chegaram a influenciar "A Dança das Estrelas Boêmias".
A Ilha do Medo (2010): A ideia de uma pessoa alucinando com coisas que, na verdade, não existem ou não estão acontecendo, foi capturada diretamente desta bela obra de arte, lançada em 2010, com Leonardo DiCaprio, mantendo o mistério sobre o que é real e o que é alucinação.
Acompanhante Perfeita (2025): Além da ideia crítica do feminino ser tratado como um objeto ou algo que se possui, aqui uma cena mais específica tomou frente: a ideia de alguém rolando por uma floresta, barranco abaixo, sujando-se mais e mais, passa uma vibe realista, não muito utilizada em filmes ou livros.
Consertando um Romance (2022): Minha busca por inspiração não pôde resistir à vibe magnífica do encontro romântico noturno, a expressão perfeita de um casal boêmio sob o céu estrelado, capturado por este filme.
El Cuerpo (2014): Ela está viva? Ela está morta? Onde está o corpo? O mistério perfeito que Oriol Paulo consegue criar entrou na minha cabeça desde a primeira vez que vi um filme dirigido pelo mesmo. Aqui, as homenagens vão para esta obra magnífica, lançada em 2014, com Belén Rueda.
Lua Nova (2009): O segundo filme da Saga Crepúsculo entra na lista de inspirações para a obra, mas nesse assunto nós vamos além da ideia de posse que muitos criticam na coletânea. Em vez disso, partimos para cenas específicas, como as de um mulher tendo pesadelos constantes durante a noite, incluindo o fato de um homem estar ali para acordá-la, oferecendo apoio constante.
Silent Hill 2 (2001): O inevitável e sempre presente plot twist, precedido por dicas e mais dicas em histórias de um homem em busca de sua esposa, é muitas vezes adivinhado pelos receptores de uma obra, ficando óbvio para a maioria: o homem está alucinando. Mas e quanto à mulher? Bom, a mulher está morta, em quase todos os casos. Não seria possível apreciar minha obra sem recordar o jogo de terror lançado em 2001, pela Konami. Sinto muito, James Sunderland. Sua Mary não está aqui.
You (2018): Stalker. Monstro. Punição. Todos os motifs familiares acabam servindo de inspiração para criadores posteriores.